Nos meses de fevereiro e março ocorre a “temporada de balanços”, período em que os balanços anuais das empresas são divulgados seguidos pelas assembleias ordinárias para apreciação das contas pelos acionistas. Porém, o esporte praticado entre os usuários da informação contábil vem mudando. Tradicionalmente, o foco dos balanços eram os fornecedores de capital (acionistas) e de crédito para as empresas, mas existem outros leitores que utilizam os balanços. Entre eles, intermediários da informação contábil como analistas de ações e crédito e jornalistas especializados em economia. A teoria contábil e a estrutura conceitual do IFRS e CPC priorizam a informação contábil para acionistas e credores das empresas, mas a realidade mostra que muitas empresas têm simplesmente ignorado o lucro líquido em seus press releases, apesar de ser uma informação essencial na análise de desempenho das companhias. Com a demanda crescente por informações em tempo real, os jornalistas têm encontrado dificuldades para encontrar de forma clara nos balanços qual foi o lucro da empresa no período, já que essas informações aparecem em algumas situações somente nas últimas páginas ou nem sequer constam dos documentos. Para preencher essa ausência de informações, surgiu o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), que é uma medida paralela ao lucro líquido. Entretanto, o Ebitda não é um número oficialmente reconhecido nem auditado e não pode substituir o lucro líquido na comparação entre empresas. A experiência mostra que muitas empresas preparam um balanço auditado seguindo as normas IFRS e um outro contábil com ajustes que lhe parecem fazer sentido. Existe uma crença de que os ajustes corrigem informações e situações não recorrentes, mas isso não deve ser a regra. As companhias brasileiras estão submetidas às mesmas regras contábeis do CPC, sendo assim, a informação oficial auditada e que vale para a CVM é a melhor que pode ser usada na comparação entre resultados de empresas. As empresas deveriam tratar todas as informações publicadas em seus balanços com isonomia e acreditar que os seus acionistas têm o direito de saber qual será a base legal para distribuição de dividendos da companhia, ou o tamanho do prejuízo, sem precisar ter muito trabalho para encontrar essas informações. No final das contas, a transparência nas informações financeiras tende a gerar um ambiente favorável para as empresas, aumentando a credibilidade perante os acionistas e o mercado financeiro como um todo.

Por que a transparência financeira é importante?

Uma empresa que não é transparente em suas informações financeiras pode ser vista como pouco confiável não só pelos seus acionistas, mas também pelos seus potenciais investidores, credores e fornecedores. Além disso, a falta de transparência pode levar a problemas mais sérios, como fraudes contábeis, que podem afetar a sustentabilidade financeira da empresa e manchar sua reputação.

Como a transparência financeira impacta a sociedade?

Um dos principais impactos da transparência financeira é a promoção de um ambiente de negócios mais justo e ético. Isso pode gerar mais oportunidades de investimentos por parte de investidores estrangeiros e nacionais, assim como aumentar a credibilidade do país e da empresa diante do mercado financeiro global. Além disso, a transparência financeira pode ajudar a combater a corrupção, visto que é mais fácil identificar irregularidades em empresas que são transparentes em suas informações financeiras.

Qual o papel dos órgãos reguladores na transparência financeira?

Os órgãos reguladores têm um papel fundamental na promoção da transparência financeira. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, por exemplo, é responsável por regulamentar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários no país, incluindo a divulgação das informações financeiras das empresas cotadas em bolsa. Essa regulação não apenas promove a transparência financeira, como também ajuda a proteger os investidores do mercado de valores mobiliários contra fraudes e outras práticas inadequadas. No final das contas, a transparência financeira é essencial para a estabilidade financeira das empresas e para a confiabilidade do mercado financeiro como um todo. Empresas transparentes em suas informações financeiras têm mais oportunidades de crescer e prosperar, atraindo investidores e fortalecendo a economia como um todo.

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Por /Fernando Torres